domingo, 28 de março de 2010

Álcool

   Na saída de uma festa, um homem conversava com um menino, até surgir um comentário por parte do primeiro sobre uma moça de bota laranja que estava perto.
   - Aquela ali, ó, é uma subsversiva.
   Devido ao constrangimento, ela se ruborizou e esboçou um sorriso. Não disse palavra alguma.
   A mãe do menino veio e o levou embora.
   - Sabe, eu acho que você deve ter juízo, é, juízo. Os meus gurus espirituais me falaram de você e que você deve ter cuidado. Pilantra tem em toda a esquina. - Disse de repente o homem.
   - Ah, sim, sim.
   - É que...
   Durante uns 30 segundos ele procurou a palavra.
   - ...você deve se cuidar. Ninguém quer o seu mal. Se você quiser, siga o meu conselho. A escolha é sua. Você pode ter um ótimo caminho ou...algo que não sabemos.
   - Ah.
   Ela procurou alguma palavra para se mostrar o mínimo interessada, mas, diferente dele, nunca encontrou. Olhou nos olhos daquele homem que parecia saber tudo ao seu respeito, até que por fim ele arrematou:
   - Você está sabendo de nada? Ninguém comentou do que o meu guru...?
   - Não.
   "O que eu deveria saber?", ela pensou.
   Uma mulher com um vestido roxo se aproximou e disse para a menina:
   - Ele já está bem legal, né?
   - É.
   E das três uma: ele poderia saber algo que ela não escondesse, estivesse dando um conselho por saber algo que ela não soubesse ou estivesse jogando aquelas palavras por causa do seu estado. Ela preferiu acreditar na terceira, isso tirava toda a sua culpa e a colocava em posição de segurança. Não mais de confusa, como poderia se sentir.
   Esse era o seu livre-arbítrio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário