segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Teto de vento

  Não quero mais errar porque talvez seja a última chance. E olhar naqueles olhos, com vergonha, de não ter alcançado, apesar das promessas. 
  E se não for o bastante? Pensarei antes, me lembrarei depois.
  Vou me transportar para o futuro. Para prever, se preciso ou não sofrer agora. Caso seja necessário, eu segurarei o teto. Tenho medo de que tudo desabe!

domingo, 17 de outubro de 2010

O dia que eu não falei com você. O que dia que eu te xinguei. O dia que eu te larguei.
Eu errei.
Mas os trilhos foram consertados.
Não teria graça, se a história fosse outra.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Perspectiva

 São poucos aqueles que vão olhar para a mesma direção que eu. E muitos os que dirão mentiras a meu respeito.
 Eu tão nada importo, desde que você não venha me salvar.
 Amor, o mundo só vai acabar daqui 5 minutos!

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Explicações

 Descobri que falo demais. Ora para mostrar o que eu faço, ora para mostrar quem eu sou.
 As pessoas viram que troquei minha cor favorita. Mas, pensando bem, eu achei isso. E agora vou confundir todo mundo, se disser que amo mesmo amarelo outra vez.
 Com certeza dirão que eu mudo de opinião rápido.
 Não importo. Depois de descobrir que eu falo demais, resolvi observar mais.
 As explicações só deveriam ser dadas para divertimento, não desculpa.
 Falar sobre as cores não me interessam mais. E o céu? Eu adoro azul!

quinta-feira, 1 de julho de 2010

   Vamos limpar aquela árvore quando o sol baixar. De verde para laranja. Enfim, verde.
   Vamos andar onde haja ninguém, só nós. Eu e você. E que a vida aconteça longe. Nem como sussuro.
   Vamos falar sobre o que foi dito apenas em nós. Sem pudor.
   Vamos começar!

terça-feira, 8 de junho de 2010

É real

   Só se ama pessoalmente, mas não se ama todas as pessoas.
   E temos mais medos pelos outros.Vivemos tudo o que podemos ser sem viver nada.
   Queremos a proteção, mas não queremos nos proteger. Reclamamos do frio no inverno, do calor no verão e não queremos morno.
   Nós fugimos da chuva com vontade de água.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Bem mais do que uma linha

   Imagino o que não existe próximo a mim, no futuro. Ruas luminosas e meu sapato de salto alto fazendo barulho. Pessoas bebendo, conversando, rindo. O mundo sendo salvo. A minha importância em algo.
   Não como em um filme ou livro. Isso é outro tipo de ficção. Uma bem mais imatura e obstinada. Cabeça dura, a negação dos planos desfeitos.
   Mas só há dois ou três dias especias. Há o fim da festa. E  as garrafas vazias.
   O nada e o tudo. A exaustão. O palavrão gasto. A balburdia.
   Desejo de ser tudo,  estar e não estar. Bem vestido ou largado.
   Na realidade e na fantasia.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Ponto de vista

   O casaco da moça ao lado é mais bonito que o seu. Aqueles amigos são mais animados que os seus. O bolo da sua prima é melhor que o seu. Ninguém tem medo, exceto você.
   As pessoas são bem mais felizes..
   Se os outros são, por quê você não há de ser?
   Você é "o outro" para eles.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Vida

   Não adianta fingir. Você só tem duas opções: pegar esse embrulho e levá-lo para casa ou jogá-lo na próxima esquina.
   Eu não sei bem o que faria. Você ainda nem viu o que é.
   O quê? O quê? Você vai jogar nessa casa? Você está louca? E se alguém a viu?
   Tarde demais. Não olhe para trás, não olhe para trás.
   Você olhou! Que sorte que você tem. A rua está deserta.
   Uma mulher abre a porta e pega o embrulho. Está conseguindo ver?
   Pois é...você ganhou uma tábua em que estava escrito VIDA. Por que a Clarice te deu isso? Vai entender...Talvez tenha algo a ver com a última briga de vocês.
   Vai saber!

domingo, 23 de maio de 2010

Sobre a arte do auto-controle

 Ou: pisoteamento psicológico
   Seres humanos são menores do que sentimentos, cidades, apartamentos. Mas são maiores do que formigas, sonhos, brigas.

    Sonhos.

   Os sonhos ficam guardados na parte mais alta da estante, onde alguns não podem enxergar. Nem por isso são maiores. Então, não há domínio ou imposição.

   Eles são a prova de que algo pode ser melhor, algo que se construiu na cabeça.

   Não há medo quanto a isso, não pode haver. Mas os humanos insistem em dizer que sim.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Sobre a arte de vencer

Necessidade. Asas. Finalidade. Realizar.

Pés. Chão. Céu.

Cinza. Barulho.

Voei.

Conselho

   - Você não acha que deveria...?
   A pergunta teve fim, mas a ideia não permaneceu na cabeça dela.
   Afinal, ela mais do que todos sabia o que deveria fazer.
   E mais do que isso: ela queria e já estava realizando. Ninguém precisava saber.
   Ela apenas sorriu para o interlocutor.

terça-feira, 6 de abril de 2010

E se uma semente...

   No meio das flores rosas, eu vi uma branca. Fiquei feliz com esse pequeno fato. Meus amigos vieram em casa, mas nada viram.
   - Está ali, bem no meio, é uma flor pequeneninha.
  - Tudo o que vejo ali, ó, é um punhado de alguma coisa....semente, talvez?
   E eu não tirava da cabeça que ali havia uma flor branca. Digo mais: ela era mais bonita do que as outras.

domingo, 28 de março de 2010

Álcool

   Na saída de uma festa, um homem conversava com um menino, até surgir um comentário por parte do primeiro sobre uma moça de bota laranja que estava perto.
   - Aquela ali, ó, é uma subsversiva.
   Devido ao constrangimento, ela se ruborizou e esboçou um sorriso. Não disse palavra alguma.
   A mãe do menino veio e o levou embora.
   - Sabe, eu acho que você deve ter juízo, é, juízo. Os meus gurus espirituais me falaram de você e que você deve ter cuidado. Pilantra tem em toda a esquina. - Disse de repente o homem.
   - Ah, sim, sim.
   - É que...
   Durante uns 30 segundos ele procurou a palavra.
   - ...você deve se cuidar. Ninguém quer o seu mal. Se você quiser, siga o meu conselho. A escolha é sua. Você pode ter um ótimo caminho ou...algo que não sabemos.
   - Ah.
   Ela procurou alguma palavra para se mostrar o mínimo interessada, mas, diferente dele, nunca encontrou. Olhou nos olhos daquele homem que parecia saber tudo ao seu respeito, até que por fim ele arrematou:
   - Você está sabendo de nada? Ninguém comentou do que o meu guru...?
   - Não.
   "O que eu deveria saber?", ela pensou.
   Uma mulher com um vestido roxo se aproximou e disse para a menina:
   - Ele já está bem legal, né?
   - É.
   E das três uma: ele poderia saber algo que ela não escondesse, estivesse dando um conselho por saber algo que ela não soubesse ou estivesse jogando aquelas palavras por causa do seu estado. Ela preferiu acreditar na terceira, isso tirava toda a sua culpa e a colocava em posição de segurança. Não mais de confusa, como poderia se sentir.
   Esse era o seu livre-arbítrio.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Ansiedade

   Novamente, sinto aquele formigamento nos pés. Sintoma de uma ansiedade que há tempos não aparecia.
Não posso fugir disso. Juntar todas as malas que há dentro de mim e ir para outro corpo. Outra vida, outros amigos.
   Limitações. E então eu vou até a linha limite, admiro-a, piso de forma hesitante.
Meus pés começam a voltar ao normal. Se eu não puder fazer tudo, farei de tudo para algo acontecer.
   Nem que seja um simples sorriso.

domingo, 21 de março de 2010

   Estava encostada em uma parede em uma casa desconhecida. Mal sabia como tinha ido parar aqui. "Acho que estou na festa da amiga de uma amiga", pensei. Não me sentia intrusa, porque ninguém me percebia. As pessoas passavam e apenas algumas me sorriam. Não me importava. Mas para falar a verdade, o que importa é o que todos fingem não se importarem.
   Fui pegar algo para beber e voltei. À minha casa, claro. Sai, enquanto todos cantavam "parabéns".
   Domingo. Acordo às 11:34. Foi apenas um sonho. Sem importância.

sexta-feira, 19 de março de 2010

   Andávamos por uma rua vazia em uma noite de lua cheia. Eu sabia que não deveria ser a primeira falar, mas quis acabar com aquele silêncio constrangedor. Silêncio esse que falava por nós. E eu precisava ser dona das palavras.
   Me virei, então, e ela fez sinal para que eu permanecesse quieta.
   - Só me diga: quando? Ela disse.
   - Em breve, em breve.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

   A velocidade com que o ônibus andava já vinha assustando os passageiros, uns 50 km/h acima do que é permitido. Um cachorro que passava por ali quase foi atropelado por isso.
- Em um momento de pressa, não pensamos nos outros! Gritou a passageira sentada atrás do motorista.
Se isso tinha sido uma acusação ou uma defesa, ninguém entendeu de imediato.
   Devido as possíveis consequências, o motorista foi gradualmente diminuindo a velocidade.
   Marisa, a passageira que falou, olhou para o seu lado e viu uma vítima para as suas histórias.
   - A senhora vai descer em breve?
   - Não, só no ponto final. Por quê?
   - Nada não. Sabe, presenciei um fato horrível, também com cachorros.
   - Hm...Mas isso que acabamos de ver não acabou mal. Por sorte!
   - Verdade, quisera eu que sempre fosse assim...Vou te contar...
   E assim se estendeu a conversa, sem que a ouvinte pudesse escapar:
   - Havia um cara que estava trabalhando no transporte de carga, lá na minha rua. Ele tinha um Yorkshire que mantinha sempre dentro carro. Perguntei a uma amiga se ela sabia o motivo e ela me disse que ele preferia o carro à casa.
   - Mas a casa é bem melhor! Disse a ouvinte, mostrando-se interessada.
   - Pois é. Resolvi ir conversar com ele. Caso sua casa estivesse em reforma ou algo assim, me ofereceria para ficar com o cachorro. Na minha casa tem um jardim e um quintal. Assim, cada cachorro ficaria em um lugar, pois eu tinha uma Rottweiler. Porém, um dia ao tirar o cachorro do carro para levá-lo ao quintal, a coleira desprendeu. Ele entrou no jardim onde estava a minha Laise. Ela correu atrás dele e o pior aconteceu.
   - Meu Deus!
   - Ah...me lembro tão bem! A pior cena que eu presenciei.
   - Calma, mas a sua cachorra não teve culpa, pelo menos. Foi uma infelicidade, não nego.
   - A senhora ainda não ouviu o fim. O dono ficou tão ou mais espantado do que eu. Sacou um revólver que trazia na cintura e atirou em Laise. Fiquei sem reação!
Marisa desatou a chorar.
   - Oh, acalme-se...
   Após enxugar as lágrimas, retomou:
   - Um mês depois recebi uma carta do dono. Antes de abrir, imaginei que fosse um pedido de perdão.
   - E não foi?
   - Muito pelo contrário. Ele pedia o pagamento de um Yorkshire, que ele havia comprado para substituir o perdido.
   - Que absurdo!
   - Se ele amava tanto o cachorro, por que deixava ele dentro do carro?
   - É...
   Marisa olhou pela janela e disse:
   - Chegamos, obrigada por me ouvir.
   - Ah, foi nada. Não digo que adorei a história, porque ela é muito triste.
   Se despediram e desceram. Enquanto a ouvinte se distanciava, Marisa ouviu chamarem seu nome.
   - Oi?
   - Sou eu, César, lembra de mim? Disse o motorista.
   - Como poderia me esquecer?
   - Ouvi você falando de mim no ônibus. Não sou cruel como você disse. Fiquei atordoado com a morte de Josie.
   - Não justifica. Quis transferir o seu sofrimento para mim?
   - De modo algum. Estava apenas fazendo justiça.
   - Ah, por favor, César! Você é cego ou julga muito mal. O que dá na mesma. Se for ou não pedir muito, licença, tenho mais o que fazer.
   Virou-se e partiu, sem saber a real finalidade daquela conversa. E pensando o quão zombador era o destino por a deixar frente a frente com ele...
   "Se ele quisesse meu perdão, teria pedido. Mas percebi que ele ainda acha ter razão. Coitado!"
   Nesse dia, conseguiu fazer a adoção de 3 animais em seu canil. Acreditanto, sempre, que os novos donos iriam destinar tanto amor quanto ela.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

   Às vezes, você me olha como se soubesse de algo que eu não pudesse saber. E até o seu sorriso me leva a crer isso. O que foi dito antes de eu chegar deve ter relação comigo. São apenas suposições do que parece estar acontecendo.
   Há outros momentos que eu também me sinto assim. Aquela vez que todos riram quando eu estava séria é um deles.
   Nem sempre estamos no compasso dos demais. Eu posso ter vários motivos para me alegrar, enquanto você não. Mas vamos levando o nosso barco.
   Se ficarmos sem o remo, podemos ainda não estar perdidos.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Quando...


Quando as virgens se tornarem prostitutas
E os tolos as sementes do mal
Tudo poderá cair sem que eu caia
Uma vela se acenderá no eclipse da Lua

Quando a incoerência tomar conta
Apenas o que quiser valerá como fato
Não mais tudo o que foi feito
Ao dormir, um olho ficará aberto

Quando o destino quiser rir
Colocando sul e norte lado a lado
Eles não ficarão por muito tempo
Pois não pertencem um ao outro

E quando, não mais que quando
Nada vir à tona se tornando tudo
A água fria com gosto de vinho
Voltará a ser água, mas sem gelo!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A viagem

   Sumiram as pessoas. O sol. O assunto. Acho que foram passear e não me chamaram. Estou só. Tomando chuva em um pacato sábado. O mundo é logo ali. No quintal. Por isso eu não estou me importando muito. Amanhã a alegria volta. Montada em um cavalo, claro.